sexta-feira, 2 de maio de 2008

Novos dias de um mesmo viver

Ao final de tudo acabamos sempre chegando a conclusão de que não somos mais do que um emaranhado de memórias dispersas, de lembranças voláteis, seres sedentos por pequenas doses de nostalgia. O tempo é uma experiência, não um dado. E uma experiência que nos violenta. Nem sequer nos consulta ao determinar o fim de um beijo que ao nascer parecia eterno. E ainda nos deixa à deriva de sonhos e projetos e nos incentiva a criar milhares de futuros, ciente de nossa ingenuidade e incapacidade de vencê-lo. Ele é mesmo cruel, porque se alimenta de nossa incerteza perante o devir.
Ao fim de um ciclo cronológico, como o ano que os homens inventaram, ele se delicia, chega ao clímax de sua satisfação: as pessoas vivem um misto entre as memórias e as remembranças, as odes aos bons tempos, e as promessas de novos dias, mesmo que num mesmo viver.
Como eu gosto de conclusões interrogativas (como manda a etiqueta da boa dialética), finalizo: quão novos poderão ser todos esses sonhos e esperanças se todos eles nascem dos restos mortais das fragmentadas lembranças que constituem nosso sentido de existência? Dúvida para um próximo deleite literário. Por enquanto acho que ainda devemos provar o mundo, mexer em suas feridas, conhecer pessoas, sentir cheiros, chorar os rios de angústia que correm em nossos presentes e gostar. E isso é desejar um bom viver. Por que não?

2 comentários:

Icaro Bittencourt disse...

Olá!

Gostei muito deste texto, penso muito sobre o tempo,as vezes o tempo todo...
Aline Bittencourt da Silva

Unknown disse...

MUITO LINDO E INTELIGENTE , CONTINUE, NAO PARE NO TEMPO,,,,

PARABÉNS.

GEANEI COELHO