domingo, 21 de setembro de 2008

Romance celeste, talvez de céu, talvez de mar, talvez razão de ser...

Um romance não é um encontro
Encontros e desencontros fazem parte do viver
Um romance é a vontade inexpungível
De saber por que o céu e o mar são azuis
De saber por que a vida acaba,
Já que há tanto amor
E tão pouco tempo pra amar.
Viver é fácil,
Qualquer um pode amontoar dias
Encher gavetas de fotos baratas
Trocar a cor dos cabelos por vil metal
E esperar a morte pra conhecer de perto a paz.
Mas amar é difícil.
Porque o amor faz de cada dia um novo nascer
Não tira fotos, enche a vida de obras de arte
E troca a cor dos cabelos por esperança
De conhecer paz antes do fim.
Porque a morte de quem ama,
Não acaba com sua vida.
Porque a vida de quem ama,
Continua sempre em alguma alameda feliz
Entre qualquer coisa de céu.
Ou entre qualquer coisa de mar.


Jaisson
Set. 2008

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Poema do historiador



Aquele que vive de flertar o tempo
Guarda os anos nos bolsos
Sofre o arder dos séculos nos olhos
Mastiga as estruturas de vidas inteiras
E engole a seco.

Digerir o pretérito demora
O tempo é um prato pesado
Jogar com a vida num tabuleiro de idéias
É o grande privilégio
De brincar com os anos
Envelhecendo junto com o passado.
Viver muitas centúrias em dias
E sair vivo
Pra contar a história.


Jaisson
Set. 2008
(a todos que partilham comigo essa vida necrófila)

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Poetas



Os poetas erram.
Mas seus cantos não podem ser refeitos.
Eis a grande dádiva de um verdadeiro bardo!
A sua maior prova de fogo
É encarar sua própria poesia
Achando seus desacertos,
Sem charlar muito.

Nem todas as almas merecem poemas
Algumas os cobiçam,
Outras gostam de pisá-los.
Mas o poeta grande é sempre cego
E assim que deve ser,
Porque o poeta só envelhece
Quando lê a si mesmo
E começa a contar o tempo
Não mais em lustros ou eclipses
Mas em versos
E boas metáforas.


Jaisson
Set 2008