domingo, 13 de setembro de 2009

Vir, voltar; virar, voar?

Os poetas se mostram exatamente nos pequenos momentos onde a poesia se cala. Quando os versos se reefetuam no cálido e quieto devir de uma leitura casual, vez por outra brilha um lampejo das verdades do mundo, tão rápido quanto o clarão de um raio. E então, daquela instantânea e cintilante profusão de cores, dentro daquela bela fração de segundo, tudo se faz novamente num caldo escuro.
Assim também é que os poetas acabam sendo. Se mostram só assim, nessas passageiras luzes bruxuleantes que volta e meia nos pegam desprevenidos nas poesias. E depois somem. Dos poemas e às vezes da poesia também. Esse meu inverno foi assim, quase sem poesia, porque alguns clarões foram tão fortes que me deixaram momentaneamente cego e incapaz de colher borboletas, encontrar as chaves, cultivar begônias...
Esta é uma prova de que a poesia é mesmo manhosa, irrepreensível, indomável. Até mesmo aquelas mais feinhas, que jamais alcançarão um sonho sequer de beleza, como estas que aqui constam em coloridas listas.
A noite está de volta, para aqueles que nela costumam procurar pela vida, ao invés de desistir dela em espasmos.

Jaisson.

O (ser) poeta.



Ser poeta
É ser mais incompleto que o verso que diz:
Um dia serei um grande
Fim.
Vagar sem iluminuras
Nas florestas tão alheias que chegam a ser
De um outro
Mim.
Cantar aberto
As trovinhas discretas baladas que faz
Quando menos se espera
Plim.

Jaisson.

Prelúdio


Sou o pior de todos os prelúdios:
Nada anuncio nessas tristes toadas,
Não antecipo nada melhor que teu silêncio,
E chego sempre tarde demais
Para pegar teu colo
Ardendo.

Jaisson.
Hoje.

sábado, 12 de setembro de 2009

Antídoto.

Levanto na noite,
Calço chinelos cansados, tão nus
Desesperados por um caminhar lento, meu
Que lhes confere sentido.

Visto o tempo,
Veste rota, cheiro de alguém que
Talvez até seja eu,
Um dia.

Olho no sem-fim do espelho
A fitar o reflexo
Do último homem que crê
Nos sonhos perdidos
Deste olhar imenso,
Retorcido.
De algumas épocas tendo
Vivido,
O âmbito tenso, daqui a pouco
Olvido,
De tudo que lhe faz
Seu próprio antídoto.

Jaisson.