domingo, 16 de dezembro de 2012

Suave



Antes de te ter
Minha alma grita
Ouve-se de tão longe
Rimas vazias.

E por que essa rima não te corta a alma?

De um só golpe,
Ouvirás da tua cama nua
Razão do meu desejo em ti.


Jaisson
Dez 2012

domingo, 9 de dezembro de 2012

Pharmakon



Tomai cuidado amigo,
Nada pode salvar-te da tua própria facticidade...
Entenda as precauções
A alquimia desse espírito aguçado
Com esse olhar afiado
é mistura densa demais.
Quem poderá carregar o peso
de viver ao lado dessa poesia?

Há dias difíceis
Que se tornam bons
No repentino momento de saber-se
contemplado por suas próprias projeções.

Nada disso é receita, amigo
Olhai bem, 
Sim, beleza e inteligência fazem
mistura bélica:
O abismo que de tão alto
chama-te a irromper-se
no sem-espaço do nada.


Jaisson
Dez 2012


Sim, é um blog só de poesias. O que não significa muito nesse tempo em que todos os poetas se foram sem deixar rastro. O mundo clama por um pouco de poesia, como um cão sedento desesperado atrás de um gole de água dormida. Como uma criança que busca os olhos da mãe na esperança de que ela ainda seja uma parte sua. Se quiseres ler algo, talvez possamos, eu e tu, dar asas ao pequeno milagre do reconhecimento, pois ao ler uma poesia não lemos ao poeta que a escreveu, lemos a nós mesmos diante do texto. Sim, há uma breve referência ao filósofo francês Paul Ricoeur, o que seria um mínimo para alguém que teve o privilégio de estudá-lo em suas andanças pela vida acadêmica. 
Àqueles que em vão quiserem me decifrar por essas mal traçadas linhas, afirmo que não sou eu quem faz esses versos. Eles é que fazem a mim.

Jaisson
Dez 2012
(um pouco antes do fim do mundo)
Versinhos 

Aos amores improváveis escrevo meus odes
Hei de ser o pior dos poetas graças a eles
Tantos floreios, frases de efeito
Nenhum beijo por tanta afeição desmedida...
Aristóteles me contempla com desprezo,
Muito aquém das suas regras estão os versinhos
Antiquados, improvisados, tão obviamente
Saturados de esperança
Que quase dão, no fim da conta
um meio-amor.