terça-feira, 13 de maio de 2008
Confissões de um mau namorador
Quando cheguei a certa altura da vida,
Deixei de ser capacho das luxúrias do amor
Despi-me da alma piegas em mim contida
E virei um mau namorador.
Tudo que passa em meus olhos vira abstração
Novenas, buquês, até o beijo romântico de chuva molhado
Já não saio na sexta pra não ser maculado
Porque sábado é dia de ler Platão...
Ah donzela, é melhor de vez me esquecer,
Este poeta fatigante de tons obsoletos
E buscar um moço insosso pra te cobrir de prazer
E passar contigo o domingo lavando espetos...
Sei que não queres adentrar nos meus caminhos
Que só têm folhas, versos, epopéias, pergaminhos
Mas que pode fazer um homem sem sinônimo?
A não ser entender os fardos de ser anacrônico?
Deixa-me assim quietinho,
Porque se vieres não tereis culpa
Por te amar assim de vagarzinho...
E na aurora do dia depois de doar o tempo às parcas
Sairei em passo de passarinho,
Levando todas tuas lamúrias nos bolsos
E deixando-as em trilha pra marcar o caminho.
Jaisson
maio de 2008
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Um comentário:
Tche Jaisson, esse poema é o melhor cara. Incrível tua capacidade.
Sou amigo de um bardo e não sabia.
Grande abraço
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