segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Brumália

Teus sonhos me acariciando
É o querer submerso,
De um encontro num beco suburbano,
Ou um abraço do tamanho de uma noite inteira.

A arte da semelhança
É o paradoxo do desejo quieto,
A união do teu semblante e do meu soneto
Ou o beijo-epicentro do turbilhão-amor.

Imito as manhãs e os momentos de partir
Enredado em cada gesto
Dos teus lençóis.

Interrogo certas impressões do cotidiano
A névoa rala do dia só quer saber
Em que instante vai se fazer o lugar do teu rosto em mim?


Jaisson
Out. 2008
(foi na hora em que eu te vi.)

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Epílogo ou Canção do Recomeço



Lá debaixo do candeeiro da vida
Pode se ver o amor em seus trajes tradicionais
(De veludo em tons de alvitre régio).

Passo escasso, fino respiro,
Olhos pesados e sempre fechados
De arguto espião em busca de corações desavisados...

(é bom querer amar?)

Certa feita arrebatou um andarilho
De alma calma e quixotesca
Tão precisamente serôdio quanto a noite.

O sujeito se maneou nos estribos
La dulce Dulcinea era um horizonte no ocaso
Toda a paz do mundo ele bebeu de um trago só.

(que lucra um homem ao amar?)

Era ruidosa primavera chegando
Mas o aporte temporão desaguou na abóbada
Quantas pétalas ele iria lançar?

A paixão é caborteira
Uma lady viçosa que não gosta de envelhecer
E que antes de ser senil, prefere fenecer.

(Amor não se permite extração de mais-valia)

Seus engenhos são uma maquinaria dialética
E o grande mistério sempre se apronta:
O crepúsculo nunca tarda a chegar.

Porque a precondição para saber-se feliz e amado
É ter vagado muito campo afora
Em dias de agrura e solidão.

E nisso tudo vale uma constatação,
Para com o amor há três opções:
Abandone-o e serás pedra;
Abrace-o e serás poeira.
Chacoteie-o e serás sempre a tenra esperança da canção.

E o herói fidalgo reatou as cordas do laço
Bateu contra
o vento o estilhaço
E encerrou por ali sua melhor conclusão sobre o amar.

(O maior prejuízo foi o lucro)



Jaisson.
Out. 2008.
Em homenagem às empreitadas quixotescas de um amigo que conheceu as artimanhas do amar.