domingo, 10 de agosto de 2008

Tiros de braça em corda



Teus olhos têm o silêncio
Do dó daquele que ouve
A sina de homem perdido
A dor do sobejamente belo.

O destino carregas atravessado
Como mala-de-garupa rota
À tira-colo do devir e remendada de trapilhos
De recordação.

De ti não sei nem o fado
Maltrapilho eu sou
Guri sem prenda, nem prendas-lides.
Poesia rouca de pouca viragem
Cantiga feita em lenta moagem.

São cordas de estribo
Cordas que sustentam milonga
Regalos bandidos
Arpejos de justa delonga
São claros e altos sibilos
São cellos cultuando Vênus de Milos
Chorando a velha estação que se alonga.

Vem cá dose de mel campesino
Cura minha ferida
Faz do meu peito nosso amálgama
Faz desse tempo nosso uma praga
E desse toque acanhado
O amor que se ouvirá entoado
Na ventania que faz do inverno, adaga.


Jaisson
Agosto de 2008
(ventos que cortam sós, com um leve toque xucro)

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