quarta-feira, 18 de junho de 2008

O descontrole da tragicidade do amor



Sim, este conceito polissêmico é totalmente descontrolado. Não se pode prever seus desdobramentos, suas falhas e as fissuras que alteram todos os planos que tão meticulosamente vamos arquitetando.
Ele não obedece nunca ao roteiro e sempre vira improviso.
Nos põe a buscar as essências, ainda que estejamos tão empoeirados de cotidiano. Nos instiga e preserva. Desconstrói e ainda pisa nos caquinhos. E sai faceiro.
Ainda que tudo seja simples, seu objetivo maior é sempre a tragédia. Se alimenta de todas as descontinuidades e limitações de nossas frágeis almas.
Ele não declara nada. Sempre dissimula.
Não canta. Balbucia ao pé do ouvido.
Na verdade ele é o nada, porque seu porvir é a inexatidão das contingências.
Ele rompe a integridade de nossa subjetividade. Espalha a discórdia no ego.
O amor soluça, nunca vocifera.
Mente ser eterno quando só vive da mudança.
O amor é o calço desequilibrado que nos sustenta no chão da certeza de se saber mundo.
Ele não recoloca e nem ajusta.
Ele nos descentra.


Jaisson.

Um comentário:

Dario da Silva disse...

Muito bom Jaisson!

"Ele não declara nada. Sempre dissimula."...
"Não canta. Balbucia ao pé do ouvido."...
"Ele rompe a integridade de nossa subjetividade. Espalha a discórdia no ego."...
"O amor soluça, nunca vocifera."...
"Mente ser eterno quando só vive da mudança."...
"Ele não recoloca e nem ajusta."...
"Ele nos descentra."...