quinta-feira, 19 de junho de 2008

Poesia e senso-comum

Cada vez que um poeta vem ao mundo
O bater das asas de uma borboleta no Saara
Não muda nada.

Cada verso que ele traz à vida
Nasce de um canto dolorido que ele musicou
Mas ninguém ouviu.

Cada vez que um romântico grita
Eu te amo!
Morre uma fadinha na Conchinchina.

A cada cem anos de poesia
Mil poetas, um milhão de versos
Nenhum centavo no bolso.

A cada estalo de canhão,
Cinqüenta hectares a mais,
E uma dúzia de poetas a menos.

A cada esmola generosa,
Apenas um sorriso,
Nenhum poeta desconfia.

O poeta corre, tem pressa
O folhetim tarda, mas não falha.
A lerdeza é inimiga de sua perfeição.

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