domingo, 15 de junho de 2008
Cinzas
Esse ventinho chorado pela noite
Embalou meu novo amor,
Que como uma paixão de carnaval
Reluzia e ria um riso cor-de-passado
Que parecia inaudível aos olhos embaçados
Dos homens que a canção da vida
Fez questão de jogar fora,
Depois de tudo, num último retoque
Do cansado repique
De uma amanhecida quarta-feira qualquer.
Querendo ou não,
Teu sorriso era apenas um singelo dolo
Grunhindo os velhos medos e ardis
Raiados em certos dias sem princípio, nem morte, nem antes...
Épocas se digladiariam com ardor e esgrimas cegas
A cada página da epopéia em branco
Que eu ia rabiscando sem amor,
Desejando ser o herói engolido por um mar tempestuoso.
Espumando, só de querer.
Ser só ente, e nunca mais ser.
Atravesso ruas, cobertas
Nuas?
Serão esses confetes mais pisados que minha alma
A roupa ignominiosa que faz tão belos
Todos esses sonhos de entrudos frívolos e amores-sem-capricho?
És eterno, Vento?
Porque então não mostrar a um mortal de tantos martírios
Teu segredo que eu afinal já sei!
Que teu início é sem começo
E que lá no teu fim,
Enfim,
Só há versos esquecidos,
Poetas doidivanas,
E a doce esperança de um dia, quem sabe, voltar?
Jaisson
Junho 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário