quarta-feira, 23 de julho de 2008

Tratado do quase-amor

Que achaste lá moça serena?
Nessas entranhas de solidão em que te embrenhaste?
Memórias cálidas?
Amores descompassados?
Realmente passados?
Encontraste abrigo
No seio escuro do ego, minha menina?

Quando fechaste as cortinas do coração aos incautos,
Esqueceste de sair à pedra pra tomar teu sol
Ficaste tão brumosa que
Cansei de colorir-te em minhas ambições
Como aquarela ensopada,
No cetim macio.

Quando foi que deixaste pra trás
Todo calor que vi nascer
Na margem branca do teu sossego
Na superfície cáustica do teu afago?

Cansei de espremer as pedras da tua alma
Elas não têm mais nenhum sangue.
Sei que ficarei sedento então,
Do suco em que naveguei meu amor até a ponta dos teus pés.

Digo-te sincero,
Meu peito haverá de ser uma enseada plana e deserta agora,
Pois o mar levou em suas plumas
Aquele beijo irrequieto e tenro
Que desde há muito eu guardava
Pra te colher como se colhe flor morna e orvalhada.

Plantei com olhares e versos
No útero do teu sonhar,
Tantas redomas, incontáveis metáforas...
Mas agora sei, ele é cerrado.
E vil como todo o quase-amor
Que de mim um dia poderias ter sabido só teu.


Jaisson.

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