domingo, 15 de março de 2009

Os primeiros e os últimos

O folião de fevereiro,
O campeão da vida folgazã de fim-de-semana,
A moça bala(nça)deira, strip-glitter.
Sujeitos alegres, ruidosos
Qual a tela plana escarlate
Que os apresenta a vida de todo domingo à noite...

O poeta dorido
Redator de guardanapo-de-papel
O filósofo cor-de-sépia, escritor de teses em preto-branco.
Sujeitos tristes, silenciosos
Qual o grito dos sem-nomes
Que rasgam surdos o aproveitar-da-vida de quem com nada se importa

Os Primeiros cantam de dia, choram de noite
Gritam e bebem no dia de Saturno
Suspiram e fustigam no dia do Sol.
Vestem-se das cores belas sobre a pele
Pra guardar sob ela o cinza frio de se saber inerte
Inútil e volátil viver que tem medo
Porque sabe que seu início, seu meio e seu fim
Serão o seu nada.
(O seu e o do mundo.)
Sem sentido porque não haverá sequer lembrança.
E estes são os sujeitos alegres.


Os Últimos cantam o dia, choram a noite
Podem gritar e beber na ponta do verso cada hoje
Embebido de ontem, adocicado de amanhã.
Vestem-se de trapos sóbrios e risíveis sobre a pele
Para guardar o bem de fato valoroso:
Alma quente que encara o temor
Porque sabem muito sobre o nada
E vêem o início, o meio e o fim com olhos no céu
(que é de todos e de ninguém)

E não apenas na porta de casa.
E estes são os sujeitos tristes.


Os Primeiros querem aproveitar a vida.
Os Últimos querem que a vida lhes aproveite pra algo.
Os Primeiros temem acabar de dor.
Os Últimos temem a dor de acabar.
Os Primeiros usam o universal para justificar o descaso.
Aos Últimos só se lhes permite o particular para isso.

Os Primeiros sempre serão os donos da (triste) alegria .
Os últimos sempre serão os senhores da (alegre) tristeza .
E eis que não há moral na história, nem ligeiro provérbio,
Uma vez que:


Os Últimos nunca serão os Primeiros.
E os Primeiros, talvez nunca serão.


Jaisson.
Mar. 2009.

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