terça-feira, 18 de novembro de 2008

Poesia que passa

Um dia o poeta
Abrigou o mundo
Na eterna e espessa tinta.
(que embebia sua alma)

Mas suas cores
Encontraram o Tempo.
Tudo virou palidez habitual.
(Alma também envelhece)


E eis que então:


Os estridentes clarins
cantarolaram o hino do pretérito
O poeta então reviveu a si próprio
(Não mais pintou, aprendera a cantar)

Mas a vida passará
Não há remédio que não a canção
Suas cunhas, ecos e rimas no mesmo passo
(Também passarão)




Jaisson
Nov. 2008.


Um comentário:

Anônimo disse...

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

Fernando Pessoa

Um poeta
abrigou meu mundo...e tb meu coração.