A cada verso boêmio cantado,
Cem bordões inúteis à vida.
Um soneto arrumadinho, engravatado
A cada mil conversas fiadas.
Nasceu um poeta suburbano na noite!
Mas o infeliz não tem nome, nem gosto...
De que vale ser poeta
Quando a poesia barata de cada dia
Já não mais denota o esteta
Na labuta ingrata da Sofia?
Os poetas continuam correndo contra o tempo,
Pois os versos falham, embora não tardem mais...
Em uma época em que as antologias poéticas,
Peludos volumes de papel sedoso
São o útil e áspero banquete
Entregues à voracidade leitora
Dos velhos bichos-de-prata.